segunda-feira, 2 de março de 2015

Eu, o racismo e a universidade








Oi, irmãos!


Bem, meu post de hoje será um dos mais  difíceis, vou falar sobre o racismo nas universidades e como eu costumo lidar com isso. Desde já quero dizer que é uma visão totalmente pessoal, o que eu imagino que já é esperado por vocês, até mesmo pelo nome do blog... Enfim.

Eu estudo à aproximadamente dois anos em uma das Universidades Federais do meu estado,  atualmente mantenho um convívio bom com todos os meus colegas, mas tenho que relevar muitas coisas para que isso se torne possível e sinceramente, to cansado de relevar. Lembro que antes de completar dois meses na universidade, uma colega fez uma infeliz "brincadeira", eu estava chegando ao local onde tiramos xerox e estava uma fila enorme, assim que eu cheguei na fila essa minha colega falou "Deixa Ton ir na frente que ele tem direito a cotas", irmãos, nunca me senti tão mal quanto naquele momento, tremi, não sabia ao certo o que falar, não falei, calei, silenciei e acabei voltando pra sala de aula, à medida em que todos estavam lá tirando suas cópias, eu estava desabafando com uma amiga, não por fofoca mas, aquilo estava me sufocando, eu simplesmente precisava. Essa amiga me disse que eu deveria ter dito algo, não deveria ter me calado, então, quando essa colega que fez a "piada" entrou na sala, não me contive e recriminei ela na frente da turma inteira, naquela época nem eu e nem minhas colegas de classe tínhamos tido experiências de desconstrução sobre o racismo, azar o meu, quase todos acharam meu ato de recriminar ela na frente da sala toda um erro, que ela não tinha feito nada demais e que eu deveria ter chamado ela em particular para conversar ou algo do tipo. Então eu me senti culpado e cheguei até a pedir desculpas a ela.

O que na época eu não sabia é que eu tinha todo o direito de manifestação, pois, eu estava reagindo a uma opressão fortíssima (racismo), feita da forma mais difícil de ser combatida, aquela  feita como se fosse humor/piada. Naquele dia eu sofri, naquele dia eu me senti ofendido, minha colega havia me oprimido e depois me silenciado quando eu tentei reagir. O que ela fez foi grave também porque reduziu as cotas raciais a um tipo de "passa na frente porque você é negro" e sabemos que cotas é bem mais que isso e o negro que as utiliza não está passando na frente de ninguém, está na realidade correndo pra alcançar aqueles que devido à um contexto histórico, já estão lá na frente.  Então,  ficam aí duas mensagens, não tentem silenciar alguém que se sentiu oprimido por algo ou alguém, dê a ele no mínimo o direito de reagir e compreendam as cotas raciais como meio de reparação a tudo aquilo que foi negado ao nosso povo.


PS: Espero que tenham gostado desse texto, me senti bem escrevendo, por isso pra fora me deixou mais tranquilo. Outra coisa, o blog está tendo muitas visitas de outros países, não sei se interessados no conteúdo ou se o nome do blog chama atenção de alguma forma. Sendo assim, aguardo notícias dos amigos estrangeiros.
Galera, estão gostando do conteúdo? Querem ajudar na divulgação? Conta a um amigo sobre o blog, mandem o link, aqui são todos bem vindos!!! :)


4 comentários:

  1. Opa irmão, outro grande texto! Realmente é difícil, pois tudo se passa como "ela não tinha feito nada demais", ou seja, ela só seguiu a cartilha da sociedade racista branca.. realmente lamentável, mas como você disse, temos que reagir e defender, pois todas as ações afirmativas são válidas para a nossa comunidade Afro-brasileira, não podemos tirar daqueles um dos últimos fôlegos de nosso povo! Realmente parabéns pelo texto e já estarei divulgando para amigos em breve! Sua iniciativa afro-centrada é válida e merece atenção da comunidade inteira!

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